quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ciclomobilidade: a gente não vê por aqui.

As vezes penso que realmente estamos no fim do mundo, em se tratando da minha cidade. É incrível como sempre acho a infraestrutura dela sempre inferior a de outras cidades do Brasil. O mais incrível ainda é saber que nessas outras cidades a população não está satisfeita e da mesma forma que eu, deve pensar como a sua cidade é sabiamente pequena e como ainda não evoluiu.

Sempre tomo por comparação a cidade de São Paulo, que é a cidade que mais visitei e também porque a minha família mora lá. Além de todos os outros meios de transportes coletivos que existem lá (metrô, por exemplo) a cidade oferece milhares de coisas a mais para sua população do que aqui e mesmo assim já ouvi e vi muitos paulistas reclamando disso, que falta isso ou aquilo outro. Aí paro pra pensar. As vezes dá vontade de convidar essas pessoas a passarem algumas semanas aqui na minha cidade e ver como as coisas são bem piores aqui. É claro que de Manaus para São Paulo a diferença é absurda, em se tratando de tamanho e desenvolvimento, mas e em relação ao Rio Branco no Acre? A população de Rio Branco é de 342.298 segundo estimativa do IBGE de 2011, que em comparação à Manaus, é quase 5 vezes menor (Manaus: 1.832.423) e lá em Rio Branco a estrutura da cidade é muito mais organizada. Pasmem, em Manaus existe apenas UMA ciclofaixa e esta tem apenas 2 quilômetros de extensão e ciclovia só em dois Parques (que eu saiba). E olha quantas tem lá em Rio Branco: CicloVivendo (clique no link para conferir). Falar que é porque a nossa cidade é bem menor que a cidade de São Paulo não é desculpa. Falta interesse, falta compromisso, falta vergonha na cara dos nossos governantes em tornar a nossa cidade a Capital Ambiental do Brasil, como diz no Wikipédia.
Pra ver como as tendências do Brasil além de serem copiadas ainda demoram a chegar aqui. Na Europa, a maioria dos países oferece a sua população a oportunidade de ir trabalhar com sua bicicleta, com ciclorotas, ciclovias, ciclofaixas etc. Em São Paulo existem vários km de ciclovias, porém estas ligam um Parque ao outro e só podem ser usadas aos domingos, para o lazer. Aqui... bom, aqui a gente anda se matando para conseguir uma ciclovia descente, que pelo menos ligue um Parque ao outro, mas a vida aqui é difícil. Lá na Europa as pessoas passam a brigar por mais ciclorotas, a ponto de num futuro não muito distante os carros é que passem a ter rotas estabelecidas, devido ao intenso uso da bicicleta. Em São Paulo, as pessoas exigem que se criem ciclovias não só para o lazer, mas para trabalharem também. E o que eu posso falar sobre Manaus? Aqui as pessoas tem medo de pedalar (e com razão). Aqui deveria ser considerada a Capital dos Herois do Brasil, porque aqui TUDO é mais complicado.
Para salientar tudo isso que falei aí em cima, retiro parte do texto do blog da Raquel Rolnik (urbanista, professora de Arquitetura e Urbanismo da USP e relatora especial da ONU), onde ela diz

"As poucas ciclofaixas e ciclovias da cidade funcionam apenas aos domingos e feriados e suas rotas foram pensadas para interligar os parques da cidade. É tão óbvio que a administração estadual trata o uso da bicicleta como forma de lazer que o folheto do metrô que orienta os usuários afirma "Confira o horário e divirta-se""

Quisera nós, meros mortais manauaras, minha cara Raquel, termos pelo menos as tão sonhadas ciclovias para interligar os Parques da nossa cidade.

e ainda


"Aliás, as restrições de horário ao uso de bicicleta no metrô e na CPTM são tão grandes que é impossível a um trabalhador hoje utilizar a bicicleta e o metrô ou trem de forma complementar. No metrô de São Paulo, o uso de bicicletas é permitido apenas após as 20h30 durante a semana, após as 14h aos sábados, e aos domingos. Nos trens da CPTM as bicicletas só entram aos sábados após as 14h e aos domingos".

Isso mostra o potencial de evolução que nós temos. A população sempre vai brigar pelo que acha melhor pra ela, assim ocorre na Europa, em São Paulo, em Manaus e no Acre. A diferença entre cada um desses lugares é só a velocidade com que essa evolução vai chegar para beneficiar a população. Outro problema, além do atraso das ideias boas que chegam aqui é má formulação das mesmas. A adm. pública nunca pensa de forma abrangente, mas sempre de forma imediata.
Manaus a "Paris dos Trópicos", a "Metrópole da Amazônia", a "Capital Ambiental do Brasil". Deem o nome que quiser, mas na minha humilde e sincera opinião, Manaus está bem longe de levar tais alcunhas.

Para ler o texto completo no blog da Raquel, clique AQUI
 




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